quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Caçada ao Tiririca

Qual é a diferença entre votar em branco, votar nulo ou votar no Tiririca?
Não estou querendo afirmar que Tiririca não vale nada, pelo contrário, se o sistema eleitoral permite todas essas formas de expressão do eleitor, por que agora estão querendo tirar do Tiririca o que ele conseguiu licitamente?
Mais uma vez esse cidadão parece atrair a fúria da justiça para si, quando ela demonstra não ser nada cega para atingi-lo.
Primeiro veio um processo por discriminação ao cantar Veja os Cabelos Dela, que fazia referencia a uma negra. Apesar de ter sido absolvido, Tiririca teve shows cancelados, discos apreendidos e contrato encerrado por sua gravadora. O sucesso estrondoso de Florentina, seu primeiro CD, rendeu-lhe fama e ostracismo nas mesmas proporções. Continuou a vida como comediante, vindo a integrar o elenco de programas humorísticos em diversas emissoras.
Mal sabia o que/quem o aguardava após 3 de outubro, dia das eleições 2010: ela, a justiça novamente. Agora, nem quer esperar o show começar para tomar-lhe os mais de um milhão de votos conquistados para Deputado Federal. Argumento: Tiririca é analfabeto.
Se realmente forem aferir tal conhecimento, aí sim o circo pegará fogo. Pois como irão fazê-lo? Propondo-lhe um ditado _ prática há muito abolida das atividades escolares?, cobrando-lhe a leitura em voz alta de algum texto da nossa clássica literatura?
Entraremos na seara reiteradamente defendida pelos discursos eleitoreiros, coisa que Tiririca honestamente se furtou a defender: a educação.
Descobriremos, juridicamente atestado, que muitos de nossos alunos de 4ª ou 5ª séries se duvidar, não sabem ler e escrever como deviam saber. São os milhões de tiriricas espalhados pelo Brasil, dentro das salas de aula.
De quem é a responsabilidade: do sistema, da escola ou do próprio Tiririca?
Por questões assim é que se amplia a sensação de que a justiça só não é cega para os mais humildes, aqueles que não dispõem das condições financeiras necessárias para tirar vantagem das brechas na lei.
São casos típicos em que aplicar a lei parece ser a forma mais fácil de se cometer injustiça.